Brunno Vianna
- Estado Poético
- 27 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de ago. de 2020
Rio de Janeiro - RJ

Formou-se em Licenciatura Plena em História e especializou-se em História e Cultura da América Latina. Publicou três livros de forma independente, venceu o Concurso Literário Machado de Assis, promovido pelo Jornal Extra (RJ) em 2008, ano em que também foi finalista do I Concurso de Crônicas Cariocas, organizado pelo Portal Crônicas Cariocas em parceria com a Universidade Castelo Branco. Em 2016 venceu o I Concurso de Poesia Instantânea do Sarau do Bar, realizado na Ilha do Governador (RJ), o VIII Concurso Internacional La Vida es Poesía, da rádio espanhola Tular Irratia e ganhou menção honrosa no I Concurso Literário Palabras en el agua, promovido pela UNESCO, em parceria com a Faculdade de Engenharia e Ciências Hídricas e a Universidade Nacional do Litoral. Ainda participou de centenas de antologias literárias, como “Rio de Palavras – 450 anos de História”, da Editora Liiteris e “Professores não só ensinam, eles também escrevem”, da Editora Big Time.
Instagram: @brunnoviannarj
Abraço
A varanda em flores pede um poema
A saudade chega em forma de chuva pequena
E abraça a janela aberta.
Por hoje
Por hoje o tempo me leva
Ao rosto perpetuado do porta-retrato
Repouso no espaço o abraço
No espelho criado de improviso
Aviso que mora a vaidade
Sinto no peito
Sem jeito a saudade
De outros de mim
Que bate sem fim nos meus medos
Já cedo, empalideço
São quinze pras cinco
E sinto agora mais que antes
O peso das horas, do livro e da estante
E esta saudade das ideias
Que lentamente me devora
Esta saudade que se sente, mas não se diz
Saudade do que não fiz
Saudade sem saída, que abre a ferida
E declama a poesia
O Menino e Os Pássaros
O menino que não podia ver
Esperava em sua sala o amanhecer
Ele sabia que o amanhecer viria
Com o sabiá e a cotovia
Com o rouxinol, o pardal e outras aves lindas
Pois quando raia o sol
Os pássaros cantam em sua janela
E o menino que não podia ver
Através dos cantos dos pássaros
Via a aquarela
Sorria e ninguém entendia
Mas o menino sabia
Que a vida é bela!
Caminho das Águas
As águas movem o moinho
Refazem o caminho
Até que o verde brota na gruta
Dando cor ao silêncio que ofusca
A natureza rebelde
E o silêncio silvestre
As pedras já não estão no mesmo lugar
Elas se movem com as cristas
Das ondas do mar
Que também não é o mesmo
A marca de sal traça uma curva
As águas seguem turvas
E a vida continua...
Calmaria
Entre as águas frias que abraçam o mar, iria
Feito espelho do céu, choveria
Feito gente, choraria
Se não fosse, ao menos por hoje, sal de poesia
Acalmar os olhos que ardem
Resgatar em abraços
A cal de um tempo à tarde
Deixar o vento ventar
A poeira na beira da estrada
Tudo isso, poderia
Mas o vento da hora de agora desafina
E dorme, consoante, na memória do mar.
Primavera de Ontem
Um janeiro sem janela
Calmaria escondida no peito
Aberta, veste a solidão no rosto
Para se ver melhor
Espia na parede a ausência da cor
Espera o tempo que vem
Deixa o vento que vai
Para voar, armadura
Pé no chão, caricatura
Adormece no caminho de casa
Aproveita o silêncio para insistir
Aproveita o sono para existir
E passa feito a Primavera de ontem.
Sem flor, sem cor, sem nome.
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