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Ana Cristina Rosito

  • Foto do escritor: Estado Poético
    Estado Poético
  • 27 de ago. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 28 de ago. de 2020

Rio de Janeiro - RJ


Escritora nascida no Rio de Janeiro. É mestre em Língua Portuguesa pela UFRJ, professora da Rede Pública do RJ e autora dos livros de poesia “Dimensões” e ‘Lagarta-crisálida-borboleta” e dos livros infantis “Dandara e as vaquinhas” e “O menino atrás do muro”. Possui textos publicados em cerca de dez antologias e já participou de vários eventos literários como FLIP, FLINIT, FLIG, FLIPA, Bienais do Rio e de São Paulo e do EPLP (Encontro de poetas da Língua

Portuguesa).


Instagram: @anacristinarosito

Twitter: @crisrosito



 

CONTEMPLAÇÃO DA VIDA


Para tudo!

Quero sentir-te mais um pouco

Dia

Que seja noite

Mas não para sempre


Que os meus olhos sejam máquina fotográfica

Num clique, gravem o mundo


Que o flash seja a quentura do meu coração

Ao ver o sol se pôr

Ou se expor ao mundo


Quero num segundo

Ver o detalhe perdido

Ontem


As tardes não repousam

Iguais

Nem o sol se levanta

Da mesma forma

Nem os homens acordam iguais


Há uma fera

E há um anjo

Em cada um de nós


Há um mundo além da janela

O momento da vida é um só.

(In: Dimensões)




MEDOS


Uma pantera me ronda

Negra

À noite


Olhos brilham

Na escuridão

Os nossos.


Não podemos voltar,

É tarde.

A garça já foi embora

E me deixou

Aqui ou ali

Não sei.


Não consigo olhar pra frente

Pensar

Vazio.


Paro,

Olho a pantera

Que se aproxima


Um gato manso

Me acaricia a alma.


(In: Dimensões)




ESTRUTURA DE METAL


Não tenho tempo pra olhar pra nada

Nem sequer pra ouvir meu pensamento

Só um bêbado é que poderá dar risada

De como curto ficou o tempo.


Ninguém se vê na rua,

Ou se se esbarra na calçada, xinga

São poucos os que têm tempo

Para uma palavra amiga.


Ninguém repara no vento,

Só se lhes derruba as casas.

E na água da chuva

Quando lhes traz desgraças.


Ninguém repara na terra

(a não ser que não a tenha)

E se têm não a dividem

(preferem enterrar seus mortos nela )


É tão normal olhar pela janela em movimento,

Ver gente mendigando na calçada

E ir trabalhar.

Não há tempo pra mais nada


Se é mais um entre milhares

Do noticiário da TV

E pra quê pensar na miséria

Se é o que mais se vê

E não nos atinge (?)


Até que a fome nos bata à porta

Até que se conheça aquela criança morta

Na calçada

E aí não haverá mais tempo

Seremos vítimas do nosso próprio descaso


Não tenho tempo para ler um livro que eu goste

Bater papo num bar

Nem cheirar uma flor sem arrancá-la

Não tenho tempo nem pra reclamar


Não tenho tempo pra sentir mais nada

Não há mais tempo nem para o amor

Estou sozinho


Não tenho um computador

E a humanidade vai.

(Pra onde?)


( In: Dimensões)




NHAC (09/10/1989)


Procurei teus lábios

Achei e senti

Que doces estrelas

Parece que mordi.

( In: Lagarta-crisálida-borboleta)




O TEMPO PASSA


O tempo que passa lá fora

Às vezes demora aqui dentro

O tempo que bate aqui dentro

Não deveria ser de outra hora

Vem pela lembrança

Por ela, volta o tempo.


Tempo de crescer,

Tempo de se iludir

Tempo de desilusão

As paixões de outrora

Não são mais as de agora não.


O tempo endurece o homem

O homem enrijece o tempo

O tempo é que faz o homem

Ou será o homem que faz o tempo?


O tempo desfaz o homem

Ou o homem desfaz o tempo?

Não dá pra fugir do tempo

Tempo que foi

Tempo que é

Tempo que será.

( In: Lagarta-crisálida-borboleta)




TCHAU


Apenas vá embora

Sem demora

Eu quero recomeçar


Bem longe da tua presença

Não suporto mais desavença

A vida é pra quem sabe amar.

(In: Lagarta-crisálida-borboleta)


 

Links para venda de livros:


Dimensões

E-book: 


Lagarta-crisálida-borboleta

E-book:


Dandara e as vaquinhas


O menino atrás do muro

 
 
 

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